Mensagens Com Amor Menu Search Close Angle Birthday Cake Asterisk Spotify PPS Book Heart Share Whatsapp Facebook Twitter Pinterest Instagram YouTube Telegram Copy Left Check

Mundo da poesia

Mundo da Poesia. As melhores poesias para você ler, relaxar e mergulhar em um universo leve, sem preocupações. Não deixe de ler os poemas incríveis que separamos pra você!

Via Láctea Olavo Bilac

Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso!” E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto…

E conversamos toda a noite, enquanto
A Via Láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.

Direis agora: “Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?”

E eu vos direi: “Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas.


Copiar
Compartilhar
Um Dia Acordarás Mario Quintana

Um dia acordarás num quarto novo
sem saber como foste para lá
e as vestes que acharás ao pé do leito
de tão estranhas te farão pasmar.

A janela abrirás, devagarinho:
fará nevoeiro e tu nada verás…
Hás de tocar, a medo, a campainha
e, silenciosa, a porta se abrirá.

E um ser, que nunca viste, em um sorriso
triste, te abraçará com seu maior carinho
e há de dizer-te para o teu assombro:

-Não te assustes de mim, que sofro há tanto!
Quero chorar – apenas – no teu ombro
e devorar teus olhos, meu amor…


Copiar
Compartilhar
Soneto da Separação Vinícius de Moraes

De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.
De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama.

De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente.
Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente.


Copiar
Compartilhar
Os Olhos da Morte Martins Fontes

A impressão já guardaste, de estranheza,
Já tiveste a memória da agonia,
Vendo uma luz qualquer, durante o dia,
Que, às vezes, fica, por descuido, acesa?

Causa-nos mal-estar, dando surpresa,
Uma alâmpada, a arder, serena e fria:
Enquanto o sol fortíssimo irradia,
Mete medo esse olhar, pela tristeza.

O ouro é fúnebre e fosco. Sem viveza,
A imóvel chama esbate-se, e, sombria,
Vela de crepe a imagem da beleza.

Fogo-fátuo que as campas alumia,
Essa impassível, gélida clareza,
Vem dos olhos da Morte: ela vigia.


Copiar
Compartilhar
Pranto Seco Jorge de Lima

O que há sob essa máscara é um pranto seco,
pranto final, sem lágrimas, calado.
A pele ressecou-se em fruto peco,
a fronte dolorida, o olhar parado.

Não há saída mais para esse beco.
Tudo perdido, tudo consumado.
O que há sob essa máscara é um pranto seco,
sem esponja de fel e último brado.

As formigas subiram pela fronte
e desceram ligeiras pelos cravos
das patas ressequidas, pelas unhas…

Cadáver seco em solitário monte,
sem complacências e sem desagravos,
sem madalenas e sem testemunhas.


Copiar
Compartilhar
Mancha Manuel Bandeira

Para reproduzir o donaire sem par
Desse alvo rosto e desse irônico sorriso
Que desconcerta e prende e atrai, fora preciso
A mestria de Helleu, de Boldini ou Besnard

Luz faiscante malícia ao fundo desse olhar,
E há mais do inferno ali do que do paraíso…
O amor é tão-somente um pretexto de riso
Para esse coração flutuante e singular.

Flor de perfume raro e de esquisito encanto,
Ela zomba dos que (pobres deles!) sem cor
Vão-lhe aos pés ajoelhar ingenuamente… Enquanto

Alguém não lhe magoar a boca de veludo…
E não a fizer ver, por si, que isso de amor
No fundo é amargo e triste e dói mais do que tudo.


Copiar
Compartilhar
Canção de Outono Cecília Meireles

Perdoa-me, folha seca,
não posso cuidar de ti.
Vim para amar neste mundo,
e até do amor me perdi.

De que serviu tecer flores
pelas areias do chão,
se havia gente dormindo
sobre o própro coração?

E não pude levantá-la!
Choro pelo que não fiz.
E pela minha fraqueza
é que sou triste e infeliz.
Perdoa-me, folha seca!
Meus olhos sem força estão
velando e rogando áqueles
que não se levantarão...

Tu és a folha de outono
voante pelo jardim.
Deixo-te a minha saudade
- a melhor parte de mim.
Certa de que tudo é vão.
Que tudo é menos que o vento,
menos que as folhas do chão...


Copiar
Compartilhar
 
E Agora José? Carlos Drummond de Andrade

E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, você?
você que é sem nome,
que zomba dos outros,
você que faz versos,
que ama, protesta?
e agora, José?
Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio,
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José?
E agora, José?
Sua doce palavra,
seu instante de febre,
sua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,
seu terno de vidro,
sua incoerência,
seu ódio – e agora?
Com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta,
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Minas,
minas não há mais.
José, e agora?
Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse...
Mas você não morre,
você é duro, José!
Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teologia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja a galope,
você marcha, José!
José, para onde?


Copiar
Compartilhar
Noite Cecília Meireles

Úmido gosto de terra,
Cheiro de pedra lavada
- Tempo inseguro do tempo! –
Sombra do flanco da serra,
Nua e fria, sem mais nada.

Brilho de areias pisadas,
Sabor de folhas mordidas,
- Lábio da voz sem ventura! –
Suspiro das madrugadas
Sem coisas acontecidas.

A noite abria a frescura
Dos campos todos molhados,
- Sozinha, com o seu perfume! –
Preparando a flor mais pura
Com ares de todos os lados.

Bem que a vida estava quieta.
Mas passava o pensamento…
- De onde vinha aquela música?
E era uma nuvem repleta,
Entre as estrelas e o vento.


Copiar
Compartilhar
Eu Sou Aquele Mario Quintana

Eu sou aquele que, estando sentado a uma janela,
a ouvir o Apóstolo das Gentes,
adormeci e caí do alto dela.
Nem sei mais se morri ou fui miraculado:

consultai os Textos, no lugar competente -
o que importa é que o Deus que eu tanto ansiava
como uma luz que se acendesse de repente,
era-me vestido com palavras e mais palavras

e cada palavra tinha o seu sentido…
Como as entenderia – eu tão pobre de espírito
como era simples de coração?

E pouco a pouco se fecharam os meus olhos…
e eu cada vez mais longe… no acalanto
de uma quase esquecida canção…


Copiar
Compartilhar
fechar