Miá Mello

Aquele dia foi um divisor de águas na minha carreira. Comecei a acreditar mais em mim.

Tem dias que me acho genial, em outros fico pensando se sou boa mesmo. O dia em que parar de me questionar é porque morri.

Eu busco o caos. Se eu ficar tranquila, sem movimento, não funciono.

O amor é muito hipócrita. Você sente essa obrigação de ter que ser feliz pra sempre, nunca se separar... Se fosse uma coisa mais light, não seria tão difícil a transição. Porque é. É triste, você sofre.

Só respondia: ‘Tá. Aham, legal’. Estava sendo até meio blasée. Mas, depois, corri para o banheiro e comecei a pular. Admiro muito os caras, não tinha nem como me expressar.

Foi uma experiência incrível, mas o começo foi superdifícil. Fiquei um ano me achando um fiasco porque não conseguia escrever nenhum esquete, enquanto todos os outros eram talentosos.

Queria ter espaço para criar outras coisas e ali não era o lugar para isso.

Sempre gostei de bichos. Adora pegar, passar a mão. Quando eu tinha 9 anos, estava em Cássia, cidade do meu pai que fica no sul de Minas, passei a mão em cavalo e ele me mordeu na cabeça. Voltei para casa andando, toda ensanguentada, e disse chorando a frase que a minha mãe repete até hoje: "Não foi culpa do cavalo". Não queria que brigassem com o cavalo. Fui para a Santa Casa e tive que levar alguns pontos. Algumas horas depois, a campainha de casa toca e é o homem da Santa Casa devolvendo o cheque porque o cavalo era deles

Comecei a banda em 2008, chamada Squat. Eu já tinha uns versos escritos porque já tinha feito um para a minha mãe. Tinha facilidade porque rap é como poesia, uma coisa mais escrita, mais que cantada. A banda tinha só três meses quando fui convidada para entrar no (grupo de humor) Deznecessários. Eu amava cantar, mas eu tive que optar por uma coisa só porque não estava dando conta. A adrenalina de estar no palco cantando é diferente de estar no palco como atriz. É muito doido ouvir as pessoas cantando a musica que você escreveu

É uma técnica desenvolvida em uma cama elástica. Fiz dos 22 aos 27 anos, quando morava em São Paulo. É uma pena que eu não consiga fazer mais. Era uma loucura esse negócio, porque minhas amigas também começaram a ir e não conseguiam parar. Era bem legal e exaustivo.

Não escolhi seguir a carreira artística logo de cara porque achei que isso não fosse possível. No último ano da faculdade de publicidade, eu tinha algumas noites livres e comecei a fazer teatro por hobby. Foi lá que eu percebi que pessoas trabalhavam com isso. Já ganhava bem com publicidade, mas decidi ir atrás desse sonho e meus pais me apoiaram muito. Aquela história, fui atrás do meu sonho maravilhoso e não tinha dinheiro nem para comer.

O figurino faz toda a diferença. Por exemplo, eu vou para casa, estudo e crio esse personagem na minha cabeça. Como eu acho que tem que ser. Eu volto para o estúdio, ponho a roupa, faço a caracterização. Isso soma, ajuda. De repente, você faz uma boca com a peruca e fica uma coisa engraçada.

Comecei a trabalhar em uma agência, mas já estava acordado que eu sairia quando tivesse testes. No começo, foi difícil sair no meio do expediente, mas logo comecei a fazer uns eventos dos clientes. Me chamavam para ser a Maria do Azeite, para representar países. Já me vesti de Equador, Peru. Isso começou a viabilizar o sonho, porque todo sonho, no começo,

Eu como muito, tenho a fome de um mendigo somaliano!

Adoro o trash! Eu me divirto, danço! Gosto de música brasileira de modo geral, quando eu posso, jogo um Zezé Di Camargo para levantar o astral, por exemplo!

Serei uma das juradas de novos talentos do humor.

Um dia estava tão enjoada, barriguda, que fui deitada no porta-malas com os meninos me abanando.

Eu era um bebê muito feio. Minha nota de nascimento foi 3. Era a prova do que viria depois. Minhas irmãs sempre tirando 10 e eu dando trabalho na escola.

Uma vez fiz um freela na própria agência. Era uma convenção, cada menina representava um país, e eu entrei vestida de Equador.

Faço uma projeção e paro para analisar se minha vida está um milímetro melhor do que há seis meses. Se estiver, continuo o que estou fazendo sem reclamar.

Me questiono sempre. O tempo todo.

Eles me receberam de braços abertos. É um clima bem familiar.

O Hélio de La Peña me conhecia de uma peça que eu fazia, Os Desnecessários. Aí, na época de renovação do programa, ele lembrou do meu nome e colocou na roda. Algumas pessoas me conheciam e outras não. Eles gostaram de mim e me convidaram para eu participar.

Agora, eu estou numa fase de só agradecer pela oportunidade, por tudo. E acho também que tudo isso é fruto do meu trabalho e da minha postura profissional.

Eu tinha um redator muito talentoso, muito bom e depois, obviamente, eu dava os meus pitaquinhos. E rolava muito de improviso.

Rola improviso em tudo e eles aceitam muito bem. Às vezes, eu fico pensando "como é que eu vou falar?" e eu não preciso nem falar. Na primeira semana, eu cheguei meio engessadinha, seguindo o texto. Na segunda semana, eu falei "quer saber? Vou improvisar! Qualquer coisa, vão me mandar fazer de novo". Eu gosto muito de trabalhar dessa forma. Eu adoro pegar um bom roteiro e dar uns pitaquinhos meus ali. É para agregar. Até por isso que eles me chamaram. Eles me deixaram muito à vontade com relação a isso.

É muito legal! Eu fico esperando para gravar quietinha no meu canto e peço ajuda para criar e montar as personagens. E tem muito carinho. Eles são muito legais. Mesmo! Eles me receberam de braços abertos. É um clima bem familiar.